Para além das definições acima, a América Latina é uma terra de abraços. Há 500 anos fomos abraçados por nações estrangeiras, cujo único intento era a exploração do que tínhamos de melhor – ora nossas riquezas, ora nossa fé ou, não raro, ambas. Durante esses cinco séculos, um abraço colonizador nos extraiu fôlego.
A seguir veio o abraço dos grilhões. Índios eram escravizados para trabalhar em minas de prata e negros, em plantações diversas. E seguimos abraçados, subdesenvolvidos e aspirantes a uma cidadania mundial que nos é negada.
Com um futuro demarcado pelo passado, nossa maldição pode vir a ser nossa redenção. O que Eduardo Galeano contempla quando olha é um tipo diferente de abraço. É o abraço da tolerância, da cultura em comum, o abraço da candura, daquele que se importa, o abraço na Terra, o abraço da esperança. Cultura essa que vem do fato de ele ser seguidor de uma tradição de escritores e pensadores – muitos já citados na Introdução – que sempre sonharam uma América Latina irmã, dona de seu próprio destino.
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