segunda-feira, 14 de março de 2011

O abraço na obra de Eduardo Galeano

CAPÍTULO I
Algumas definições do que é abraçar
Segundo o Dicionário Eletrônico Houaiss, abraçar é “envolver (algo ou alguém) com os braços, mantendo-o junto ao peito; cingir com os braços; dar abraços recíprocos”. Algumas frases para exemplificar: “O aluno abraçou o professor”, “Exultantes com o desempenho da empresa, os sócios abraçaram-se uns aos outros”. No mesmo dicionário, uma outra definição que deriva para o sentido figurado diz que abraçar é “dispor-se em torno de, cercar, envolver, circundar”. Um exemplo: “O Guaíba, com suas águas, abraça Porto Alegre”. Ainda no Houaiss, outra definição de abraçar derivada para um sentido figurado: “começar a trabalhar por, dedicar-se a...”. Exemplo: “Sem pensar muito, resolveu abraçar causa tão nobre”.

Para além das definições acima, a América Latina é uma terra de abraços. Há 500 anos fomos abraçados por nações estrangeiras, cujo único intento era a exploração do que tínhamos de melhor – ora nossas riquezas, ora nossa fé ou, não raro, ambas. Durante esses cinco séculos, um abraço colonizador nos extraiu fôlego.

A seguir veio o abraço dos grilhões. Índios eram escravizados para trabalhar em minas de prata e negros, em plantações diversas. E seguimos abraçados, subdesenvolvidos e aspirantes a uma cidadania mundial que nos é negada.

Com um futuro demarcado pelo passado, nossa maldição pode vir a ser nossa redenção. O que Eduardo Galeano contempla quando olha é um tipo diferente de abraço. É o abraço da tolerância, da cultura em comum, o abraço da candura, daquele que se importa, o abraço na Terra, o abraço da esperança. Cultura essa que vem do fato de ele ser seguidor de uma tradição de escritores e pensadores – muitos já citados na Introdução – que sempre sonharam uma América Latina irmã, dona de seu próprio destino.

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