Bem, é que torço pelo touro. Todo o espetáculo, toda a estrutura é para que o toureiro vença, mesmo assim, eu torço pelo touro. É mais justo, e não há o mínimo espanto, quando algumas vezes, talvez pelo excesso de confiança do toureiro, de que nunca vai perder, o touro o ergue.
Quando falo de espanto, é facial, a cara que um homem faz ao acertarem o saco de outro homem, acontece aí uma solidariedade masculina. Quando o touro ergue o toureiro, se dá uma solidariedade tipicamente humana, como se o touro, também os atingisse. Espanto. Dor. Eu não os tenho, ao contrário, o que sinto é um comprazimento e o sentimento de que a justiça foi feita.
O touro, mesmo que momentaneamente ganhou uma. Reagiu. Isso é um direito do touro e de qualquer um que seja oprimido. Viva o touro (que sem ter lido Marx), levanta o toureiro, desmanchando no ar a sua solidez.
Por Jorge Fróes
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